Não, não se trata da Jabulani, a fatídica bola anti-futebol da Copa. Tampouco se trata de Dunga, o fatídico técnico anti-alegria da Seleçao brasileira. Ainda assim, não vamos sair da esfera do futebol. Vamos falar de outro vilão, este maior do que qualquer bola desgovernada, este aquele que deveria segurá-la, no tempo em que barbarizava com a vida alheia.
A forma como o goleiro Bruno lidou com o desaparecimento da sua ex-amante não deixa dúvidas quanto à sua brutal indiferença pelo sofrimento humano. Enquanto todos procuravam por Eliza, a pretexto de demostrar inocência, o jogador de futebol continuou comparecendo aos treinos do Flamengo, tendo sido filmado às gargalhadas com os colegas de time.
Bruno aparentou tão bem não ter preocupações ou culpa porque não os tem mesmo. Faz parte do repertório sintomático das personalidades psicopáticas a completa falta de empatia, ou seja, de capacidade de se colocar no lugar de outro que sofre. Outro traço psicopatológico é deixar os rastros de seus crimes, pois a onipotência mágica (talvez somada à nossa história de crônica impunidade) faz com que menospreze os riscos. Os psicanalistas sugerem outra explicação: a de que deixam pistas para que venham a ser punidos, por uma compulsão inconsciente de repetição. De fato, faz parte da história da maior parte dos agressores patológicos que tenham sido agredidos enquanto crianças. Nosso caso atual não foge à esta regra. Bruno foi abandonado e negligenciado pelos pais, o que, nem neste nem em qualquer outro caso serve de justificativa para seus atos.
Por acaso, mas nem tanto, pois a psicopatia crassa em nosso meio, o último post deste blog versava sobre as personalidades perigosas. Em outras palavras: personalidades anti-sociais, psicopáticas ou sociopáticas (são todos sinônimos). Mesmo quem não o conheça na intimidade há de reconhecer varios traços no personagem que povoa nossos telejornais, nossas páginas de revistas e nossas conversas e nossos pesadelos.
Os relacionamentos do goleiro com as pessoas que se encontram implicadas no crime revela, mais do que qualquer prova material que venha a ser encontrada, a sua própria identidade social. Bruno, num presságio do que ora se revela ao mundo, há poucas semanas havia defendido o colega Adriano por ter agredido a noiva, minimizando a importância do fato. Enquanto a trama se desvelava perante os olhos e corações atônitos dos brasileiros, o moço seguia sua vida como se nada tivesse acontecido. Participou – segundo atestam os envolvidos – de atos de barbárie inominável, e depois foi ao clube treinar. “Matou a mãe e foi andar de bicicleta”. A indiferença, essa suprema forma de violência!
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