Na medida em que a tradição perde a força como fonte de conhecimentos, de modelos e regras, aumenta a reflexividade, já que tudo precisa ser pensado, ponderado e avaliado antes que as escolhas sejam feitas. Assim, as pessoas tendem a se sentir cada vez mais inadequadas, ao não saberem se as opções que fazem são “certas”, “saudáveis” ou “politicamente corretas”. O mais grave de tudo é que as dúvidas estendem-se inclusive sobre a representação que cada um constrói sobre si mesmo ao longo da vida, ameaçando a sua segurança ontológica: a segurança de sabermos quem somos, o que pensamos, como agimos, e assim por diante.
Trecho de Os outros que somos: dilemas da identidade contemporânea. Lançamento em breve pela Editora Unisul.