17 novembro 2008

duas vezes bach

Depois de algum tempo, começamos a estabelecer predileções em todos os campos da atividade artística... No que diz respeito à música erudita, duas delas são obras de Bach, escritas para instrumentos solos, com seus respectivos intérpretes As seis suítes para violencelo, na interpretação de Yo-Yo Ma, e as Variações Goldberg de Glenn Gould.
Por um acaso, encontrei um DVD com a segunda gravação deste conjunto de peças escritas originalmente para cravo, mas que ganharam a interpretação definitiva adaptadas para o piano, e reinventadas pelo gênio de Gould. Quase três décadas após sua primeira gravação, em 1955, Gould voltou a elas numa magistral gravação em 1981. Seu virtuosismo e genialidade ficam evidentes na maneira como as mãos dialogam, e no sutil fraseado vocal (um leve cantarolar) que compõem os arranjos harmônicos, muito mais que melódicos.


A outra obra são as Seis Sonatas para Violencelo. Há um excelente conjunto de DVD's gravados por Yo-Yo Ma, em que cada uma das sonatas foi filmada por um diferente diretor, e introduzida num contexto artístico diferente. Sobre a quinta sonata, por exemplo, que é acompanhada a cada parte por uma dança do teatro Kabuki, a contracapa informa:

Mestre do Kabuki, o ator Tamasaburo Bando embarca numa jornada para descobrir, através da dança tradicional japonesa, a universalidade e emoção da Quinta Suíte de Bach. O resultado é a reveladora, intercultural e transoceânica colaboração com Yo-Yo Ma, sensivelmente documentada pelo diretor Niv Fichman.


O interessante de se notar aqui é que Bach era alemão; Tamasaburo Bando é japonês, Yo-Yo Ma nasceu na França, filho de pais chineses; e o diretor Niv Fischman é americano. Ou seja, temos aqui um retrato acabado da colagem de referências multiculturais típica de tempos de contração do tempo-espaço da globalização.
A interpretação de Yo-Yo Ma é igualmente uma reedição da gravação das sonatas realizada em 1983, quando era muito mais jovem, e faz até o mais ferrenho dos ateus acreditar em Deus.
Uma amostra da gravação de Glenn Gould você encontra aqui, e da sexta suíte, acompanhada de depoimentos do próprio Bach e de um belo espetáculo de patinação no gelo, você encontra aqui.
Vale a pena conhecer!


Um comentário:

Ercy Soar disse...

Tomo a liberdade de publicar o comentário de meu querido amigo Chico Mello, ex-colega no curso de Medicina da UFPR, e atualmente músico radicado em Berlim, que me foi enviado por e-mail:

tá ótimo! não sabia q vc gostava tanto do glen gould, meu pianista preferido, de longe!
ele toca piano de uma forma "genotípica", usando um termo da julia kristeva (acho!) q o roland barthes usa pra designar as interpretações mais pessoais (corporais), diferenciando-as das "fenotípicas", q mesmo q boas, não conseguem ultrapassam o "gênero"!
e viva a genética! e também a memética!!
abração
Chico