Assim como se pode afirmar que a ansiedade e o medo são as reações naturais e esperadas frente ao desconhecido, a tristeza é a resposta normal frente às perdas de toda natureza: materiais, pessoais ou simbólicas. Entretanto, tem havido uma excessiva medicalização da tristeza e de outras características normais do comportamento humano. Esquece-se que a tristeza é fundamental para a elaboração de nossas experiências e para o aprendizado emocional. Se não nos entristecemos diante das perdas, ou dos sofrimentos próprios e alheios, não somos capazes de elaborar (resolver emocionalmente) essas experiências. A isto chamamos de “luto”, o período que se segue a qualquer perda importante.
Sem que possamos nos entristecer, ou seja, fazer o luto, não podemos tolerar as perdas inerentes à passagem do tempo e as mudanças do ciclo de vida. Afinal, perdemos parte da nossa liberdade individual quando nos casamos; perdemos parte das atenções do cônjuge quando temos filhos; perdemos os filhos quando eles crescem. Perdemos tempo de lazer quando nos tornamos adultos; perdemos idealizações e fantasias na medida em que deixamos de ser adolescentes; e perdemos força física e agilidade mental na medida em que envelhecemos. Aceitar as perdas e valorizar os ganhos que também ocorrem ao longo da jornada é a fonte da sabedoria e exige que possamos passar pela tristeza inerente a esse processo.
2 comentários:
Bingo! Obrigada :)
Via de regra, as depressões se estabelecem quando um dos pais está excluído. Quando um dos pais não tem lugar.A criança ao inves de tomá-lo , cuida...Assim a criança não tem a força do excluído atuante em seu coração.
A depressão sempre é um sentimento de vazio, não de tristeza. Ela é vazio.Ela é o lugar vazio que nao está preenchido pelo genitor excluído. Adorei sua abordagem neste post.
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