Mas eu olhava esse menino, com um prazer de companhia, como nunca por ninguém eu não tinha sentido. Achava que ele era muito diferente, gostei daquelas finas feições, a voz mesma, muito leve, muito aprazível. Porque ele falava sem mudança, nem intenção, sem sobejo de esforço, fazia de conversar uma conversinha adulta e antiga. Fui recebendo em mim um desejo de que ele não fosse mais embora, mas ficasse, sobre as horas, e assim como estava sendo, sem parolagem miúda, sem brincadeira – só meu companheiro amigo desconhecido. Escondido enrolei minha sacola, aí tanto, mesmo em fé de promessa, tive vergonha de estar esmolando. Mas ele apreciava o trabalho dos homens, chamando para eles meu olhar, com um jeito de siso. Senti, modo meu de menino, que ele também se simpatizava a já comigo. (João Guimarães Rosa)
29 janeiro 2007
Mas eu olhava
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3 comentários:
Ercy,
Poesia poesia poesia poesia poesia.Tem momentos que faz bem ler belas palavras.A letra da musica no outro post,é belissima.
Abrs
Ercy,
Acho que o blogger so quer um pra enviarhahahahahahahahah a musicahahahahahahahahahahahaahah
Meu lindo, faltou aquele trechinho liindo: a amizade dele, ele me dava... (as aspas sumiram do teclado).
Hum... Depois acho que você podia fazer uma homenagem ao Graciliano Ramos, o que acha? Terminei o ANGÚSTIA e vou acabar o Hamlet assim que as águas ficarem menos turvas...
Bjos e beijos e mais muitos!
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