22 novembro 2006

Apanhei-te Cavaquinho


Aproveito mais este achado de um de meus consultores para assuntos musicais, o caro João David (link ao lado). Ele postou uma bela interpretação de Armandinho e Yamandú desse clássico composto por Ernesto Nazareth: a sua "Melodia No. 28: Apanhei-te, Cavaquinho”, de 1915 (clique aqui para ver e ouvir).

Dentre as composições de Nazareth (foto abaixo), a polca “Apanhei-te, Cavaquinho” é a segunda mais gravada, perdendo apenas para “Odeon”.
Por que um pianista intitularia uma de suas peças “Apanhei-te, Cavaquinho”? Segundo o biógrafo de Nazareth, Luiz Antônio de Almeida, o compositor estava imitando o som do cavaquinho no acompanhamento da mão esquerda e o da flauta na melodia tocada pela mão direita. Nazareth nunca quis que o “Apanhei-te, Cavaquinho” fosse tocado de modo tão rápido como é executado pela maioria dos músicos. Aliás, ele dizia que “toda a minha música é estropiada. Eles tocam tão depressa. O ‘Apanhei-te, Cavaquinho’ é um desastre. Ele é bem devagar, arpejando a mão esquerda, dando a impressão de cavaquinho.” Ele tocava tudo lento, e bem claro, com uma técnica bem apurada.
É interessante notar que Nazareth já reclamava da velocidade em 1917, enquanto que, na edição da partitura editada em 1926 pela Irmãos Vitale, o “celebre chôro” (não mais chamado de polca, por questões relacionadas à moda) ainda vem com a recomendação “Muito proprio para serenata.” (Clique aqui para saber mais)

Ilustração: Cavaquinista (detalhe de"Chorinho" de Portinari).


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