11 novembro 2006

Piccolo, grande, vivo










Estas figuras são as portas de entrada para dois universos paralelos: um "micro", dos insetos, e um "macro", da geografia terrestre. Sobre o que se passa entre os extremos do que é infinitamente grande e do que é infinitesimamente pequeno, o italiano Piero Bianucci - um jornalista da área de divulgação científica - escreveu um interessante livro: Piccolo, grande, vivo: storie di quark e di galassie, di uomini e altri animali.
Os fragmentos abaixo são da introdução do livro:
O quark é a menor partícula que o homem conseguiu descobrir até agora. O universo, som suas milhares de galáxias, é obviamente o maior objeto que se conhece. Partindo do extremamente pequeno pode-se chegar ao extremamente grande em quarenta passos, cada qual dez vezes mais longo do que o precedente. Nesta hierarquia das dimensões exploradas pela ciência, o homem e os demais seres viventes estão a meio caminho, numa zona onde a natureza reuniu, até onde sabemos, a máxima complexidade. A ciência nasce com a medida. Sem uma idéia de proporções dos objetos que nos cercam, somos navegantes sem coordenadas. Estamos à deriva. Numa escala de 10 metros na segunda potência negativa, por exemplo, no domínio dos centímetros, encontramos uma tecla de máquina de escrever, os botões, um cogumelo, um caramujo, a espuma de um sabonete. Mas é preciso pouco para chegar a paisagens muito mais exóticas. Já na escala de 10 metros na quarta potência negativa a pele se torna um irreconhecível relevo de colinas acavaladas, a vida animal é representada por radiolari, minúsculos organismos marinhos de geometria elegantíssima, os sulcos de um disco se parecem a um canyon tortuoso, onde cada relevo corresponde à vibração de uma corda de violino ou ao toque de uma clave de clarinete ou a um fragmento de canto humano.
O
quark é a menor partícula que já se conseguiu individualizar. Há um modelo teórico que supõe serem os quark gerados por partículas ainda menores, os rishoni, uma palavra hebraica que significa primário. Os rishoni seriam um milhão de vezes menores que os quark. Mas, já que por enquanto pertencem à fantasia ciéntífica, não à experimentação, vamos passar adiante.
O universo, com suas milhares de galáxias, cada qual feita de centenas de milhares de estrelas, é obviamente o maior objeto que se conhece. Os modelos inflacionários prevêem que no
Big Bang tenham se originado muitos universos não comunicáveis entre si, e portanto seria possível se hipotetizar um meta-universo que compreende todos os universos. Mas mesmo este não passa de pura acrobacia mental, e não nos ocuparemos dele. O universo do qual se tem experiência já é suficientemente vasto.

Obs. Os objetos utilizados pelo autor como escala - que remetem à máquina de escrever e ao disco de vinil - denotam que o livro foi escrito há pelo menos duas décadas. Nem por isto deixa de ter seu encanto e de aguçar a curiosidade e a perplexidade diante dos mistérios do tempo e do espaço. Boa viagem por esses dois pequenos segmentos do Universo!

Um comentário:

Claudio Costa disse...

Espetacular este post, Erci. O link, idem. Adoro fotografia: é genético, pois meu pai Soié (http://ontemehoje.blogspot.com) já exerceceu a profissão, meu tio e meu primo, idem.
Um abraço.